SEI QUE NÃO ESTOU PERDENDO TEMPO...
Ilustração da Teoria do Espelho do Jornalismo - Fonte: Midiatismo
Ao voltar à docência no Ensino Superior, no curso e Comunicação Social: Habilitações de Jornalismo e Publicidade ouso dizer que Rondônia é um laboratório, e que por aqui tudo é aceito como produto midiático. Tanto aceita, que mesmo com meus diversos defeitos, como por exemplo, equívocos de concordância verbal pelo meu sotaque do sudoeste do Paraná e outros mais, atuo no mercado sabendo que não sou a oitava maravilha do mundo. Saliento mesmo assim que não faço algumas coisas que do plano espiritual dão força para que a matéria que descansa nas catacumbas fazem Roquete Pinto, Chateaubriand, Lasswell, Lazarsfeld, Marconi, Landel de Moura, Paulo Francis, Flávio Cavalcanti e tantos outros monstros e cientistas da comunicação se debaterem freneticamente.
O debate em sala de aula sobre linguagens nos veículos de comunicação se estendeu. As formas de aplicação conforme o tipo do veículo espero que tenha sido assimilada pelos futuros colegas, mas hoje cedo tudo foi para o ralo quando eu dirigia rumo ao trabalho ouvindo rádio. Sei que isto é passageiro, no entanto, faço a minha parte e creio que a geração vindoura não terá a preguiça de reescrever textos.
Uma regrinha básica é não aproveitar o áudio de uma matéria de TV no rádio, pois gera o risco de chocar a linguagem. Por exemplo, se na TV o repórter fala ao cobrir uma exposição sobre a beleza de uma pintura, o texto pode ser mais ou menos assim: “- A beleza da tela e o estilo do pintor conquista o público presente”. A cena apresentava as cores, o local do evento e as dezenas de pessoas paradas. Então para o rádio deveria ser assim: “- A tela que leva o nome da Ferrovia Madeira Mamoré, apresentou tons metálicos que remetem a lembrança de uma locomotiva com variações de cores do marrom até preto que retrata o combustível da época o carvão, fazendo com que dezenas de pessoas parassem de frente a obra, para admirar o estilo do pintor”. Na forma da redação de rádio deveria ser assim, com suas devidas sinalizações:
“- A TELA QUE LEVA O NOME DA FERROVIA MADEIRA MAMORÉ,/
APRESENTOU TONS METÁLICOS/
QUE REMETEM A LEMBRANÇA DE UMA LOCOMOTIVA.//
COM VARIAÇÕES DE CORES DO MARROM ATÉ PRETO/
QUE RETRATA O COMBUSTÍVEL DA ÉPOCA O CARVÃO,/
FEZ COM QUE DEZENAS DE PESSOAS PARASSEM DE FRENTE A OBRA,/
PARA ADMIRAR O ESTILO DO PINTOR.//”
Mas que tudo vá para o ralo dos quintos novamente. Ouvi hoje: “O bandido caído aqui... (repentinamente na mesma matéria) foi trazido aqui para o Pronto Socorro... (muda a voz da locução) Positivo, a vítima sofreu o atentado (segue a explicação do policial e do nada, outro pulo de locução com a assinatura do repórter). O plural também manda sinceros abraços. “Os dois acusado”, “Os suspeito foi presos” e por aí vai. Fazer, ser, viver comunicação dá trabalho e enquanto a renovação não acontece, ficamos fadados a ter o ouvido transformado em latrina diariamente.
O espaço deste diário virtual, meu humilde blog, é meu trombone! Que seja útil para alguém, pois continuo lendo, investindo e crendo na melhoria da qualidade jornalística, principalmente no rádio, veículo que tanto amo e que iniciei minha carreira.