quarta-feira, novembro 23, 2005

Está aberto o debate no Brasil (2)

ESTE FOI E É MEU PROFESSOR DE JORNALISMO...
GRANDE ONOFRE RIBEIRO, BOA GENTE E INTELIGENTE PRA CARAMBA.
VALE APENA LER O ARTIGO DELE QUE PASSAREI A POSTAR DIARIAMENTE AQUI NESTE CANAL DEMOCRÁTICO!


Onofre Ribeiro

O Brasil assistiu em 1954 à longa agonia do presidente Getúlio Vargas, assolado pela oposição na época comandada pela União Democrática Nacional – UDN, partido político que representava a classe média urbana brasileira.
Tal e qual, assiste-se hoje à lenta e sofrida agonia do presidente Lula. Gostaria de traçar alguns paralelos, porque a História é cruel. Não se repete igual, mas repete sempre os comportamentos humanos.
Espero que o fim do presidente Lula não seja o mesmo. Pelo menos, fisicamente, porque o presidente Vargas pagou com a vida a sua crise, há exatos 51 anos.
O jornalista Carlos Lacerda usava com extrema maestria o chicote do jornalista, protegido pelo mandato de deputado federal pelo antigo estado da Guanabara.
As causas vinham de dentro do Palácio do Catete, a sede do governo, no Rio de Janeiro, capital da Guanabara e do Brasil. Lacerda acusava a existência de um “mar de lama” dentro do palácio, produzido por protegidos do presidente da República. Entre eles o irmão Benjamin Vargas e o chefe da segurança, Gregório Fortunato.
Por mais honrado que o presidente fosse e, sabidamente, era, acabou engolido pelas falcatruas palacianas. O estouro veio no momento em que o chefe da segurança decidiu por mandar assassinar Carlos Lacerda.
O atirador errou e acertou o major-aviador Rubens Vaz, da Aeronáutica.
A imprensa carioca fez do crime o escândalo do século. Getúlio Vargas, encastelado no palácio do Catete, acabou refém de uma apuração paralela que a própria Aeronáutica desencadeou sob o título de “República do Galeão”, sediada no aeroporto do Galeão onde as investigações se concentravam.
Quando deu por si, o presidente reconheceu a existência do mar de lama e, como se sabe, “saiu da vida para entrar na História”, com um tiro no peito.
O Brasil nunca mais teve estabilidade política desde então, exceto depois de 1985 e, particularmente, da Constituição de 1988.
Agora, o presidente Lula vive o mesmo drama. Dentro do Palácio do Planalto, em Brasília, há 1 mil quilômetros do Rio de Janeiro. Tudo começou com o assessor do chefe da Casa Civil, José Dirceu, que repetiu tal e qual as falcatruas de Benjamin e de Gregório Fortunato. De outra maneira, mas com o mesmo espírito infiel que rondam os porões palacianos.
Depois, dentro do Partido dos Trabalhadores, figuras próximas ao presidente não atiraram num major da Aeronáutica, mas alvejaram o país inteiro com indignidades absurdas.
E a “República do Galeão”?, perguntaria o leitor.
Bom, ela não está no aeroporto do Rio de Janeiro. Está no Congresso Nacional e tem três nomes diferentes: CPI do Mensalão(já falecida mas foi profundamente corrosiva), CPI dos Correios e CPI dos Bingos.
Por elas, transitam os personagens palacianos. Tudo à semelhança de 1954...!

Onofre Ribeiro é articulista deste jornal e da revista RDM
onofreribeiro@terra.com.br

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