Esperanças idiotas
Onofre Ribeiro
Nos dois artigos anteriores, escritos na semana passada, questionei o debate político que, em tese, estaria se abrindo no Brasil depois da crise política iniciada em junho.
Foi só um sonho de verão. A CPI do Mensalão, morreu de morte matada.
As CPIs dos Bingos e a dos Correios vão se desmilinguindo ano afora.
O pior mesmo da crise política é o cinismo. Nunca pensei ver em toda a minha vida tanto cinismo e tanta irresponsabilidade em níveis tão altos do governo, de partidos políticos e do Congresso Nacional.
Aliás, confesso que em certos momentos até tive esperanças de que esta mega-crise mudaria a cultura política do país. Quando vi Marcos Valério desmascarado diante de todas as câmeras de televisão brasileiras, tive esperanças.
Depois, quando vi o mega-publicitário Duda Mendonça ser entregue na bandeja por evasão de divisas e por lavagem de dinheiro oriundo de pagamento de dívidas do PT e do governo, também tive esperanças.
Quando descobriu-se o mega-mundo político e os esquemas de corrupção escondido atrás do sorriso enigmático do chefe da Casa Civil, deputado José Dirceu, tive esperanças.
Quando prenderam um petista no aeroporto com a cueca recheada de dólares ilegais, e ligou-se o seu nome a um líder parlamentar petista do Ceará, também tive esperanças.
Quando descobriu-se que o ex-ministro de Comunicação Social, Luis Gushiken comandava um mega-esquema de corrupção no Banco do Brasil e nos fundos de pensões das estatais, tive esperanças.
Quando as cartas foram caindo uma a uma atingindo parlamentares, tido como ilustres no PT, no PL, no PT, no PSDB, no PMDB e no PFL, tive esperanças.
Hoje, quando olho para tudo isso, vejo o quanto foram infantis as minhas esperanças.
A morte-matada da CPI do Mensalão mostrou a disposição do Congresso Nacional e do governo em defenderem as sobrevivências respectivas.
As cassações vão dar em nada porque o Congresso Nacional já percebeu que a sociedade brasileira cansou-se, na certeza de impunidade que cerca tudo o que aconteceu. Logo, por que sacrificar companheiros, se a sociedade é alienada? – perguntam os congressistas.
As duas CPIs em funcionamento estão contando tabela. Nem mídia boa dão mais! É tudo uma questão de tempo. Só de tempo até que tudo seja esquecido e volte a ficar tudo como dantes no quartel de Abrantes.
Até o deputado José Dirceu tem tudo para escapar. Preocupou-se no início, mas depois ficou light porque tem a seu favor até a cumplicidade do Supremo Tribunal Federal. Como tudo virou uma geléia geral, qualquer esperança é pura bobagem!
Onofre Ribeiro é articulista deste jornal e da revista RDM
onofreribeiro@terra.com.br
Onofre Ribeiro
Nos dois artigos anteriores, escritos na semana passada, questionei o debate político que, em tese, estaria se abrindo no Brasil depois da crise política iniciada em junho.
Foi só um sonho de verão. A CPI do Mensalão, morreu de morte matada.
As CPIs dos Bingos e a dos Correios vão se desmilinguindo ano afora.
O pior mesmo da crise política é o cinismo. Nunca pensei ver em toda a minha vida tanto cinismo e tanta irresponsabilidade em níveis tão altos do governo, de partidos políticos e do Congresso Nacional.
Aliás, confesso que em certos momentos até tive esperanças de que esta mega-crise mudaria a cultura política do país. Quando vi Marcos Valério desmascarado diante de todas as câmeras de televisão brasileiras, tive esperanças.
Depois, quando vi o mega-publicitário Duda Mendonça ser entregue na bandeja por evasão de divisas e por lavagem de dinheiro oriundo de pagamento de dívidas do PT e do governo, também tive esperanças.
Quando descobriu-se o mega-mundo político e os esquemas de corrupção escondido atrás do sorriso enigmático do chefe da Casa Civil, deputado José Dirceu, tive esperanças.
Quando prenderam um petista no aeroporto com a cueca recheada de dólares ilegais, e ligou-se o seu nome a um líder parlamentar petista do Ceará, também tive esperanças.
Quando descobriu-se que o ex-ministro de Comunicação Social, Luis Gushiken comandava um mega-esquema de corrupção no Banco do Brasil e nos fundos de pensões das estatais, tive esperanças.
Quando as cartas foram caindo uma a uma atingindo parlamentares, tido como ilustres no PT, no PL, no PT, no PSDB, no PMDB e no PFL, tive esperanças.
Hoje, quando olho para tudo isso, vejo o quanto foram infantis as minhas esperanças.
A morte-matada da CPI do Mensalão mostrou a disposição do Congresso Nacional e do governo em defenderem as sobrevivências respectivas.
As cassações vão dar em nada porque o Congresso Nacional já percebeu que a sociedade brasileira cansou-se, na certeza de impunidade que cerca tudo o que aconteceu. Logo, por que sacrificar companheiros, se a sociedade é alienada? – perguntam os congressistas.
As duas CPIs em funcionamento estão contando tabela. Nem mídia boa dão mais! É tudo uma questão de tempo. Só de tempo até que tudo seja esquecido e volte a ficar tudo como dantes no quartel de Abrantes.
Até o deputado José Dirceu tem tudo para escapar. Preocupou-se no início, mas depois ficou light porque tem a seu favor até a cumplicidade do Supremo Tribunal Federal. Como tudo virou uma geléia geral, qualquer esperança é pura bobagem!
Onofre Ribeiro é articulista deste jornal e da revista RDM
onofreribeiro@terra.com.br
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