VIDA DE MÚSICO - PARTE 2:
Texto: Santiago Roa Junior
FOTO BY: http://oesterocknrollblog.blogspot.com.br/2011/05/noite-de-pesadelo.html. |
Falta criatividade aos novos e desespero aos que não se consolidaram |
As bandas vem e vão! Algumas permanecem no mercado Nacional
e no local podemos defender a mesma linha de pensamento. Refiro-me ao mercado
de bandas cover de Rock, Por e afins de capitais. Falo com vivência na cena de
Cuiabá, São Paulo, Rio de Janeiro e Rondônia que vivi e por meio de pesquisas
no mercado de Belo Horizonte e Recife, por meio de conversa com colegas da
noite.
Sou defensor da filosofia do Titãs, que enaltece o crescimento
lento para aguentar as imposições da indústria cultural. Mas no caso de bandas
cover, ou se mantém o pé firma numa causa ou então se prostitui de vez. Não
entrarei na cena alternativa e autoral nesse modesto artigo, pois deixarei para
comprar briga para os ignorantes e abrir o debate para os inteligentes
relembrando o que era a cena antes da cartelização dos festivais, enfim...
prossigamos.
Nas grandes capitais, as tribos são definidas, logo tocar um
estilo gera a idolatria do público, mesmo sendo cover. Tem gente que consome e
o músico toca o que gosta. Eu faço isso hoje em dia. Os problemas de lá também
são os mesmo... Casas que não pagam e quando pagam, pagam mal em BH. Época fora
de temporada em Recife e a máfia de bandas em São Paulo, entrar na cena Carioca
sem “quem indica”, enfim, aqui em Rondônia eu só toco onde me sinto bem e
valorizado. Cito sem medo de ser feliz: Informal Pub e Grego Original.
Relembrando
Tocar música dos outros, desde a saudosa “Piqui Ruído”
(Cuiabá-MT), que navegávamos por rock internacional e nacional experimentados
pelas rádios, num período pós Mamonas, onde tudo que os imitava recebia a reprovação,
baseado nos fracasso das bandas “Fincabaute”, “Pino Solto” e “P.O. Box” que
tentavam ser engraçadinhas, mas sem o punch que o próprio Mamonas não conseguiu
se manter. Um exemplo foi à música “Onon”, que tentaram lançar num Domingão do
Faustão, e a seleta platéia ‘boiou’ na genialidade do líder da banda Dinho e aí
o avião caiu... Fim da história.
Quem não sente saudade cuiabana dos tempos de Strauss, Linha
de Montagem e tantas outras, que viram nascer Papo Amarelo, depois Juke Box e
outras. Não me referirei a GTW, SS e Pacú Atômico (Que fiz parte por muito
tempo), lendas autorais do Coxipó da Ponte.
Neste período “Hempmaniaco” o legal das bandas novinhas era
tocar o que a ‘pseudo indústria alternativa rebelde sem causa’ socava goela
abaixo, dando a certeza do tipo: “- Ei turma... ouve a gente... somos legais...
fumamos pra cacete... é isso aí... cobramos tanto de cachê pra comprar tênis
Regazzone”, igual à molecada que se dizia Punk, com camisa nova do Ramones e tênis
All Star envelhecido propositalmente e rasgado a força.
Hoje
Hoje tocando a três anos em Porto Velho, ao lado de uma
banda lendária a Semáforo 89, revejo a cena num ar de ‘Deja Vu’. As lendárias Ossos
do Ofício e Nitro, hoje fragmentadas em “On The Rocks”, “The Jack’s” (Beto,
Ugão, Rodolfinho, Rod’s e Kaká Erse) e “Low Cash”, comandada por Ageu Rios, mandam
com competência as causas defendidas do mercado.
A mitológica banda Ponte Aérea, a BR-80 de Helder Guimarães
gerou a herança levada pela Semáforo 89, que foi uma das primeiras a tocar no Informal
Pub, com Lucas Santiago, André Porto e BR-80. O Informal por sinal é o pioneiro local por sinal da capital. Outros Bares como o Urublue’s,
Estação, Iguana que em seus auges não foram da minha época em Porto Velho, pois
estou aqui faz quatro anos, logo não sou dono da verdade, merecem destaque. Não
entrarei no mérito de Heavy Ney nem Bat Caverna, nem Ultimato, Beradelia,
MalCriados e outras que navegam pela cena autoral, pois quero seguir a linha
das bandas cover, no qual enalteço a Bedroyt do amigo Gustavão Erse, que navega
também no autoral.
Infelizmente outras bandas com gente da antiga, surgem e
somem contrapondo a visão dos Titãs de se manter num segmento, com, por
exemplo, o da Semáforo 89 (anos 80, 90 e New Wave), Projeto Retrô (anos 70 e
80), Calibre 80, com músicos experimentados na onda do Flash Back, On The Rocks
(Classic Rock) que hoje conta com a vinda da Rock Up com muita competência
nesta linha e a cena sem a Rock Soul Funk que terminou (toquei nessa também).
Destaco aqui alguns músicos como os baixistas Aimeé Pereira
que experiente em várias bandas, acompanha Laís Fernandes com um ótimo trabalho
segmentado e de bom gosto; Flávio Rubens “Papa” com vasta experiência, cito
também Rodrigo Santana “Bocão”; Igor guitarrista no mercado muito bom, além de
revelações como Caio Neiva, Mikeyas Belfort, Amim, Gabriel ‘Babão’, Júnior Cegoman
com muita estrada e tantos outros que é impossível enumerar o que peço
desculpas aos colegas.
Mas onde quero chegar... Na busca pelo sucesso a qualquer
custo, vemos nomes surgem e somem, tocando de qualquer jeito e a qualquer valor.
Não quero aqui dizer que os estilos são eternos, mas a receita de ter uma banda
se difere de fazer ‘chacumdum’ sem pesquisar repertório, tocando de tudo e
seguindo a moda por desespero, gera o enjôo do público que ainda busca a quem
se apegar. As bandas que agem dessa forma, em anos de carreira, criaram a
tradição então os fãs pedem os bregas de Wanderlei Andrade pra Semáforo 89, não
estranham o bolero de Ravel enquanto a The Jack’s interage com o público e a simpatia
de Beto no comando da galera. A banda antiga tem esses respaldo, visto nas
casas cheias.
Tudo isso é diferente da tentativa de lançar moda, o que
gera o risco de tocar o lado B do Rappa, a enjoativa do Seu Jorge, e aí apelar
correndo para as maçantes e repetidas do Legião e outros e jogando ao vento a
busca pela tentativa de firmar uma identidade. As novas lutam contra a maré na
cópia ou inspiração. Hoje vemos o estilo Samba Rock, ‘Popizinho’, quase ‘pagodeando’
o rock que destrói o trabalho competente que Lucas Santiago defende por muitos
anos com competência a Música Popular Brasileira dançante.
Concluindo
Na condição de jornalista, músico, escrevi este desabafo? Este
artigo? Esta reflexão? Que seja...
Até para tocar Galinha Pintadinha tem que ter competência e isso temos em Rondônia a banda da "Turma Camaradinha" que faz e muito bem.
Eu que pago ingresso em vários lugares a não
ser quando convidado, não dou carteirada e já vi e ouvi muita coisa. De
Wanderley Andrade no Som Brasil, Alan Junior na Casa do Samba, Dr. Jocah no
Café Madeira, Jonas e Jairo no Boteco da Fama, Rock Up no Grego, Miopia Groove
no Informal, Los Dinos no Mercado Cultural e aqui só levanto a bola sobre o ato
de ser cover das bandas cover.
Tem muita gente boa no mercado? Claro que tem! Mas tem muito
som feito, que é melhor ver BBB... Mas gosto é o regalo da vida e em Porto
Velho tem público para todos... Graças a Deus e pra sorte de muitos...
PS: Quem leu... valeu! Não estou abrindo um debate... nem
caçando sarna para me coçar... apenas escrevi o que sinto. Feliz 2013 e com
muita criatividade a todos!
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