Ji-Paraná – Juruena (MT)
Eu e a minha esposa também Jornalista Luciane Machado pegamos a estrada. Nosso destino é Juruena (MT). Depois de pernoitarmos em Sapezal, cidade que foi difícil encontrar no Google Hearth, pois a localização está errada, acordamos, tomamos café e fomos à busca de informações para saber qual o melhor caminho para Brasnorte (MT).
A partir daí começa a primeira parte do desespero!
Sapezal6h30 horas do dia 27 de dezembro, passamos no banco para sacar dinheiro e fomos abastecer. Todos os postos com muita lama e carreteiros. Isso significa informação correta. Ledo engano. De primeira perguntei as frentistas sobre qual caminho a seguir e a resposta foi: - Sou nova aqui!
Contei até 10 e fui falar com os motoristas de carreta. A informação era seguir no trevo de saída da cidade, pegar a esquerda e rumar 120 quilômetros de estrada de chão até a base da Amaggi na MT 170, ficando apenas 80 quilômetros de Brasnorte. Se optasse em ir pela reserva indígena ficaria mais longe e com risco de ficar nos atoleiros. Não titubeei, pesquisei no mapa do "Guia 4 Rodas" que indicava que o trecho estava pronto para receber asfalto e peguei a estrada. O guia estava errado.
AreiãoRodei os primeiros 60 quilômetros com estrada aceitável. Muito barro, mas o guerreiro Siena ELX 1.4 passou bem. Mais 20 quilômetros chegamos ao Rio Papagaio que é digno de cartão postal. Lá ficamos sabendo ao parar em um restaurante a beira de estrada, por sinal o único ponto público com seres humanos no trajeto, que eu trafegava na estrada conhecida por “Areião”. Enchi o reservatório do limpador de pára-brisas e me preparei pra mais 38 quilômetros até o asfalto. Estava acabando o sofrimento!
AtoleirosNeste período de chuvas a situação se complica com o grande tráfego de caminhões e a rápida deterioração das estradas de chão. Eu alimentava a esperança de ver um trecho de chão batido. Ao passar a ponte, vi um Fiat Estrada todo embarrado, mas inteiro. Pensei, se ele veio, eu vou!
De repente surge a minha frente o terror do barro. Ao fundo ilustrando a visão duas carretas enfiadas até sua metade abaixo do nível da estrada. Fui lá ver de perto e com ajuda dos motoristas atolados vimos que meu carro passava. Peguei o embalo e orientado pelos amigos carreteiros, atolei também. Sem saber se ria ou chorava, usamos o macaco e conseguimos de forma heróica sair do atoleiro. Os carreteiros, que por coincidência são de Rondônia (Cacoal e PortoVelho) ficaram, pois sabia que dependiam de meio dia de sol para secar a lama e então seguir viagem.
Sensação de impotência ao atolar o carro no meio do nada.
Sorte de ter ajuda de dois carreteiros de Rondônia. (Trecho conhecido como Areião entre Sapezal e entroncamento da MT 170 que dá acesso a Brasnorte)
Solidariedade
As dificuldades não acabariam ali, pois a cada buraco cheio de água barrenta ficava a pergunta. Sairei dali? Então a forma menos arriscada era revezar com minha esposa e entrar no barro, pisando nos locais mais firmes para traçar o carreiro a seguir sem ficar atolado. Assim seguimos até outro ponto de atoleiro. Uma carreta parada e uma S-10 com o filtro de gasolina quebrado. Para piorar, estavam parados desde o começo da noite do dia anterior. Uma família inteira com criança e idosos que voltavam para Aripuanã (MT), após passar as festas em Pimenta Bueno. Com ajuda de carreteiros as mulheres e crianças foram até uma venda onde tinham alimento e água. Chegamos e na sequência veio uma caminhonete traçada que guinchou a outra e nós
As dificuldades não acabariam ali, pois a cada buraco cheio de água barrenta ficava a pergunta. Sairei dali? Então a forma menos arriscada era revezar com minha esposa e entrar no barro, pisando nos locais mais firmes para traçar o carreiro a seguir sem ficar atolado. Assim seguimos até outro ponto de atoleiro. Uma carreta parada e uma S-10 com o filtro de gasolina quebrado. Para piorar, estavam parados desde o começo da noite do dia anterior. Uma família inteira com criança e idosos que voltavam para Aripuanã (MT), após passar as festas em Pimenta Bueno. Com ajuda de carreteiros as mulheres e crianças foram até uma venda onde tinham alimento e água. Chegamos e na sequência veio uma caminhonete traçada que guinchou a outra e nós
levamos alguns passageiros até Brasnorte. Até chegar ao ponto de asfalto tivemos mais sofrimento e passamos a informação para outros carreteiros que também poderiam ficar presos no barro.
A família socorrida contou que o trajeto de ida foi pelo mesmo caminho e passaram bem, pois não havia chovido. A volta foi pior, pois com pouca chuva a estrada ficou intransitável.
A família socorrida contou que o trajeto de ida foi pelo mesmo caminho e passaram bem, pois não havia chovido. A volta foi pior, pois com pouca chuva a estrada ficou intransitável.
Neste ponto estávamos a menos de 20 Km do asfalto. Uma família com sua S-10 esrtava parada desde o começo da noite do dia anterior. Um carreteiro parou para ajudar, tendo dois motoqueiros já rebocados. Chegamos no local e demos o apoio possível até surgir uma caminhonete que rebocou a S-10 até o asfalto. Nós levamos duas mulheres e uma cruança até a Rodoviária de Brasnorte, onde elas seguiriam até Aripuanã (MT). Os homems ificariam na cidade para arrumar a caminhonete.
Próxima Etapa
De Brasnorte a Juruena.
Não posso perder!
Fazer turismo rural conhecendo as grandes potências da Soja, cortando estradas e vendo fazendas de Olacir de Moraes e Blairo Maggi. Impressiona.
Parar para contemplar o Rio Papagaio.
Não tem como fugir!
Dos atoleiros em estradas de chão neste período de chuva.
Da falta de informação nas cidades e postos de combustíveis.
Dicas valiosas!
Sair sem corda, macaco, pedaços de madeira para fazer calços.
Leve água para consumo e reservatório do limpador de pára-brisas, pois é muito barro que respinga.
Leve alimentos leves, papel higiênico, calção e chinelo para encarar o barro.
Vá sem pressa e não adianta ficar com raiva. Só atrapalha.
2 comentários:
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www.visitamazonas.am.gov.br
Santiago,
Sou de Caçador-SC. No dia 19 de dezembro fiz o mesmo caminho, pois trabalho em Brasnorte e fui até sapezal deixar meu irmão numa fazenda para fazer estágio... A história é a mesma: Ninguém para dar uma boa informação. Almocei na fazenda onde meu irmão ficou. Na saída do refeitório encontrei um caminhoneiro que disse conhecer a estrada, "inclusive veio por ela no domingo". A informação foi um pouco mais completa. Explicou a situação até a ponte e atalhos depois da ponte. Saí fazenda e segui o caminho, até a ponte com uma boa ponte... Mas quando cheguei a ponte o primeiro susto. Vou tentar explicar a situação: ainda maravilhado com o vizual avistei um senhor pescando do meio da ponte. Parei e perguntei a distancia até o MAGGI para confimar. Ele sem olhar respondeu: "são mais 38 km..." olhou para mim e completou: "mais estrada FFFEIA...". Nesse ponto arrepei, pois no horizonte avistava nuvens muito pesadas. Na saída da ponde achei o dito desvio que o carreteiro sugeriu. Entrei mas quanto mais andava, mais o desvio saia da estrada e mais matos roçavam por baixo de meu carro (um gol 1.0). Assustei tanto que voltei para a estrada na primeira picada que encontrei. Por muita sorte sai em um atoleiro onde estava a primeira aparição até o momento, um bitrem com a cozinha mergulhada em lama. O carreteiro estava no segundo dia esperando o sol chegar e algum companheiro passar por ele para desatolar. Ele indicou o caminho por onde deveria passar e, atravessei o lamaçal. Segui por muito tempo, sem encontrar ninguem. Faltando uns 15 km para sair da estrada encontrei a segunda carreta, na mesma situação, completamente atolada. Do mesmo modo, o motorista indicou o caminho para passar e consegui sem esforço. Quando passava pelo atoleiro vi na boleia que ele estava com a familia. Parei e perguntei se precisava de ajuda. Comentou que tinham alguma coisa para comer, mas tudo na cozinha, nesse momento enterrada em lama. Ofereci carona para a esposa e duas filhas. Deixei minha água que a essa altura estava pronta para uma cuia de chimarrão e segui. Sem mentira, andei mais de 100 km e nenhum problema com o barro até então. Mas com a carga um pouco maior foi diferente... Trezentos metros a frente encavalei o carro numa pedra (PODE!?!). Mãos a obra, macaco e tábuas, saí... Deixamos para tras o bravo motorista e seguimos com a familia. Não podia acreditar quando cheguei no entroncamento, aí sim pavimentado... Uma grande história, que infelizmente não registrei por não portar câmera. Hoje a estrada está pavimentada, resta um pequeno trecho de pouco mais de 10 km, que serão pavimentados na entrada da seca...
Abraço
Rodrigo José Reia
rodrigo.jose@dmconstrutora.com.br
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